top of page
Capa_Salubri.jpg

Figuras
Salubri

Salubri
Capa_Salubri.jpg
Arturiel Kuhn

Arturiel Kuhn

Reza a lenda que sete são aqueles que vagam em nosso mundo. Sete são aqueles amaldiçoados que foram abraçados por senhores que alcançaram a Golconda. Sete são aqueles que outrora renomados pela sua sabedoria hoje caem em uma desprezada nota de rodapé em que seu sangue clama para ser devorado por outro Kindred em um trágico final do conflito eterno sediado em nossas almas. Sete seriam ao todo e quem pensaria que um deles estaria em nossa casa?

Arturiel, um padre gentil, um senhor de muitos nomes que trabalha exclusivamente para sua comunidade. Ao lado da Torre de Marfim, (que melhor lugar para se esconder?) o Salubri evoca o nome de Deus sob a fachada da Catedral Anglicana da Santíssima Trindade, um nome comum que congrega aqueles de fé, mas que esconde sobre as letras a real devoção Arturi-Salubriana daquele que a coordena.

Respeitado, amado, idolatrado pelo público que o conhece, Padre Arturiel é um kindred que se alimenta de seus fiéis, transformando-os em Ghouls, em Carniçais em prol de sua própria devoção.

Poucos são aqueles que conhecem sua verdadeira história, a de um pequeno garoto adotado ainda em ventre que cresceu na Catedral para herdar o legado de seu senhor há mais de oitenta anos. Sua visão para o mundo é pura, mas entende a sede por seu sangue, comungando com Deus, mas aceitando a espada quando a morte o saúda. Gentil e senhor de diversos humanos, Arturiel segue o passos do mestre que já diablerizou, guiando as almas e kindreds a salvação, para que a iluminação destes sirva de alimento para a sua própria ao diablerizá-los. Sua humanidade? Permanece constante por entender este ato como um ato de redenção.

"Eu me chamava Victor - Mudei meu nome para criar a minha máscara e hoje já não reconheço mais ele, o Victor. Meu pai se chamava Albino antes de virar o Kindred conhecido como Rael. Sabe, ele me criou para ser padre desde o momento em que fui adotado, algo por entre meus quatro anos de idade. Nunca conheci minha família biológica, ou pelo menos não me lembro dela, sendo assim, ele foi a única família que eu tive.

Quando completei 23 anos eu fiquei no comando da igreja. Pronto para ser o pastor de nossos irmãos. Eu não estava oficialmente formado, mas fiz o que pude com aquilo que tinha. Isso durou até meus 35 e só aconteceu, pois Rael estava andando pelo mundo nesta época.

Eu já sabia que ele era um Vampiro desde os 12 anos. Sabia da Camarilla e naquela época a anarquia não era um problema. Muito pelo contrário, ouvia histórias do Sabbat, mas eles nunca foram fortes no Brasil, passando simplesmente por uma história de terror para crianças que aprontavam. Eu cresci ouvindo histórias dos antigos, principalmente de Salubri e de como Samiel andava próximo de deus. De como Saulot era o favorito de Deus e de como ele caminhou pelo oriente em busca da iluminação, em busca de ver o mundo como ele realmente é.

Há duas histórias. Uma de que seu irmão lhe deu de presente um terceiro olho. Outra diz que ele o descobriu ao atingir a iluminação. Saulot e Malkavian, irmãos no sangue, tanto quanto minha filha Marcella e Joshua. A ironia.

Durante meus 35 anos Rael apareceu em uma noite sem avisar. Disse ter encontrado a resposta que procurou por tantos anos. Porém, para que pudesse iluminar como um santo, precisaria entregar sua alma ao seu único filho. Naquela noite nós conversamos enquanto meu pai chorava sangue eu chorava lágrimas. Era um adeus e Rael retirou a culpa que eu sentia pela vida que levara. Eu nunca contara para ninguém, mas casei aos meus 26 anos e meu filho e esposa morreram durante o parto quando eu tinha trinta e um anos.

Naquela noite eu me despedi de meu pai e ele me abraçou, esperando que eu acordasse com uma fome insaciável e se entregando para mim, para seu amado filho, por inteiro. Corpo, sangue e alma, assim como Jesus se entregou para os humanos. Eu não sabia o que encontraria a partir dali. E o que encontrei foram problemas burocráticos desde a época em que a Camarilla se estabeleceu na cidade em 1840 e quando a Anarquia se estabeleceu em 2019. Eu fui obrigado a forjar acordos. Nem da Anarquia, nem da Camarilla. Porém, Santo demais para não ser usado por todos aqueles que me cercavam. Foram anos conturbados para a fé.

Eu fiz coisas que não me orgulho para que fosse visto como um Kindred que não oferecia perigo, e como presa que não merecia ser caçado. Laços de sangue. “Doações” de dinheiro. Tráfico de sangue, etc. Já faz anos que tento, mas ao contrário de Rael, eu nunca encontrei a iluminação. Meu pai nunca contou como conseguiu, mas eu já matei, diablerizei, escravizei, formei humanos como padre, comunguei, abençoei e diversas outras coisas.

Hoje eu me sinto inútil e penso que se não conseguir de iluminar da forma como imaginava, gostaria de fazer o possível para que meus herdeiros consigam esta iluminação. Não me vejam como um monstro, talvez eu esteja preparando você e Joshua para isso, talvez eu esteja pensando em viajar, assim como Saulot e Rael, talvez eu só queira fazer aquilo que durante toda minha vida eu aprendi a fazer. Me doar.

O que fica dessa história, é que todos nós estamos condenados a ajudar aqueles que estão em nossa volta, assim como Saulot, assim como Rael."

O que vou lhe contar não deve ser compartilhado. A verdade é que Rael nunca abandou seu filho, mas ao entregar-se para ele, após anos de afinco em torná-lo mais forte, acabou por consumir a alma de Victor para rejuvenescer e potencializar seu sangue como nenhum outro Kindred ousaria fazer, conquistando o seu corpo. O segredo da iluminação foi deturpado e seguindo um preceito próprio, Rael buscou a figura do inocente para se manter ávido na Camarilla e Anarquia. Dizem que seus acordos chegaram até o Sabbbat, mas poucos confirmam sua história. Poucos exceto Olívia, que de tanto ver o Salubri diablerizar inocentes a fim de conquistar novos rostos e passar impune pelo crimes que cometera, resolveu ajudá-lo como forma de barganha. Ela o chantageou e por anos o teve em suas mãos. Cobrava conhecimento e fornecia sangue quando Rael chegava na Capela pedindo por socorro. Era fraco, frágil, enlaçado, não sabia lutar. Quando se alimentou da alma de Victor, Rael viu sua própria alma escurecer. Talvez tenha tentado dar sua vida de bom grado, mas o filho nunca fora forte como ele. Aterrorizado com a própria animosidade, Rael buscou Olívia, a estudiosa egípcia, e juntos eles criaram o que ficou conhecido como o Anel de Arturiel, um anel de prata com uma esmeralda incrustada que removeria todos os medos, fobias, perturbações na mente e alma e quaisquer falhas mentais que o indivíduo que usa o anel possa ter. Ele usou por anos, até se dar conta que nunca mais poderia removê-lo, pois ao emprestá-lo, vivenciou sua própria maldição. Ao remover o anel, suas perturbações retornaram, trazidas de volta duas vezes mais fortes devido a prisão em que por tanto tempo foram mantidas. Arturiel dizimou metade de sua igreja em uma chacina que nunca veio ao público, apagada da história  com a ajuda de Olívia. O preço para tudo isso? O maior acordo entre os clãs que se odiavam. Arturiel deveria entregar de bom grado a sua próxima cria. Mas é claro que isto não aconteceu, afinal, Arturiel era muito mais do que aparentava ser. Em uma noite, vivenciou Jairo dementar a inocente Marcella em meio ao Salão Rubro. Viu o humano Joshua ser condenado ao abraço pela loucura de Jairo e ao investigar, descobriu que eram amigos. Joshua fora sentenciado e para livrá-lo da morte, Arturiel o adotou sob o acordo de abraçar Marcella. Ele a criou, a fez forte, uma Salubri física, sem a arte da Dominação mas repleta de Potência. Ele a ajudou e quando se viu na encruzilhada de entrega-la para Olívia, fez com que ela o diablerizasse. Arturiel virou pó e Marcella ergueu-se como a única Salubri de Porto Alegre. Exceto que a partir de agora, Marcella seria conhecida como Isabel, o novo corpo de Arturiel, o novo nome de Rael. 

bottom of page